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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Péter Nádas - Parallel Stories

Péter Nádas - Parallel Stories



O único livro que li de Imre Kertész foi Fatelesness (Sem destino), mas posso afirmar que só o premiaram com o Nobel, porque não poderiam prever que seria editado três anos depois as Histórias Paralelas de Péter Nadas. 

Não há homem vivo que mereça tanto esta distinção, apesar do Nobel em si, ser insignificante e de nada valer para um gigante como Nádas. 

Para escrever esta história política, sexual e emocional de duas famílias - os Döhrings alemães e os Lehrs Lippay, húngaros - Nádas acrescentou 18 anos de desgaste mental e físico à sua existência e retirou cinco anos de prazer da minha vida - exatamente os anos que demorei para lê-lo. 

Pelas mais de mil páginas que compõe os três volumes, é penoso o trabalho de criar uma conexão pelas centenas de histórias que existem, estórias que parecem separadas, mas que estão interligadas por um fio condutor que é a Hungria do século XX. 

Só para juntar todas as histórias paralelas e ordená-las dentro de um contexto que pudesse fazer sentido para mim, demorei três anos!

Sem criticar o tradutor Imre Goldstein, que falha pouco ao traduzir a língua mais difícil do mundo, a culpa do meu estorvo  é toda da arte perversa de Nádas. Ao dotar o livro de pormenores exaustivos típicos do puro realismo do século XIX e de acrescentar e enfeitar constantemente o texto com elipses, perífrases, lilotes, etc, tornou-se uma tarefa hercúlea tecer a cronologia, separar os fios que se cruzam, conectar os pontos comuns de István Lippay-Lehr, Erna Demén, Gyöngyvér Mózes, Carl Maria Döhring, Samu Demén e de todos os outros personagens que que se cruzam pelas ruas de Budapeste e Berlim durante praticamente todo o século XX. 

Para quem quer ficar automaticamente de cabelos brancos, recomendo vivamente este livro.



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