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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Nadine Gordimer - Tempos de Reflexão

Nadine Gordimer - Tempos de Reflexão


Nadine, a mais lúcida de todas mulheres, em sua homenagem escrevo, triste, para compensar a perda da sua partida.

Vi uma emocionante entrevista, certo dia em 2007, na Roda Viva da TV Cultura brasileira: Nadine Gordimer estava sendo entrevistada por cerca de oito pessoas ligadas de alguma forma à literatura, que faziam perguntas dos mais variados tópicos e Nadine, no alto dos seus 84 anos, respondia a todos com educação, respeito, calma e uma lucidez impressionante.







As palavras que fugiam da sua boca, devagar, pausadamente, pareciam preencher o vazio espacial da imagem que criei da pessoa de Nadine ao ler Telling Times (ou Tempos de Reflexão, como a Editora Globo traduziu), para mim o seu melhor. O livro é uma centena de fragmentos de uma prosa não ficcional que a escritora compôs aleatoriamente sobre diversos temas ao longo de cinquenta anos. Podemos notar, se quisermos e conseguirmos decompor em ordem cronológica, o amadurecimento de uma escritora ao longo do seu próprio tempo de vida e de como manteve esperta a sua lucidez única. Escrever sobre si mesmo, é difícil; escrever sobre si mesmo, sendo completamente verdadeira e transparente em tudo o que foi gravado por meio das palavras é dificílimo, para não dizer amotinador, já que o rumo da sua própria personalidade pode ser alterada; Na entrevista da Roda Viva, Nadine, ao falar sobre si mesma de forma verdadeira, sendo coerente com tudo o que escrevera no passado, mais lúcida que um jovem de 20, apenas confirma dentro de mim todo o respeito que sempre entreguei a esta grande escritora.

Faz-me lembrar outro mestre pensador, tão lúcido quanto ela: José Saramago. Mas dele não falarei uma única palavra...






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